Descrição da actual caixa de carga do TGS
Com o objectivo de tornar o MAN TGS de competição da equipa mais leve, facilitando assim a progressão na areia e permitindo uma maior competitividade à equipa, foi construída uma nova caixa de carga, a DeltaX2. Esta foi concebida pelo engenheiro João Sabino e construída pelas Carroçarias Sabino.
Mantendo um design inovador, foi desenhada tendo em vista os seguintes vetores de melhoria:
– Redução de peso;
– Aumento da rigidez do chassis;
– Operacionalidade;
– Desempenho aerodinâmico.
Para a redução do peso, foram seleccionados materiais compatíveis com o tipo de missão a que o nosso veículo se destina, colocando nas zonas de maior esforço estrutural e fadiga, aço de alto limite elástico. Para a definição da forma exterior, optou-se por materiais leves baseados em alumínio estrutural e painéis em materiais compósitos.
Na parte estruturante da caixa de carga é onde se verifica uma das principais diferenças em relação ao conceito anterior.
Um camião convencional está projetado com o objetivo de maximizar a sua capacidade de carga, contudo o TGS tem vindo a ser transformado através da nossa equipa de desenvolvimento a convertê-lo num veículo de competição todo-o-terreno.
Em detrimento de uma superestrutura convencional com o tradicional sobre-chassis de configuração em “Escada” composto por longarinas longitudinais e travessas e arcos estruturantes, desenhou-se uma estrutura treliçada tubular. Este novo conceito permite abdicar por completo da estrutura tradicional, aumentando sobejamente a rigidez torsional do veículo. Trazendo um exemplo mais generalista, a razão entre esta grandeza num veículo familiar e um veículo de competição é até 25 vezes superior.
Em geral, todos os materiais apresentam uma determinada capacidade elástica, a qual nos metais ferrosos acaba por ser largamente explorada, motivo pelo qual são considerados excelentes aquando do fabrico de molas. Basicamente, o aumentando da rigidez do chassis, traduzir-se-á numa redução dos movimentos livres do mesmo, delineando assim o limite de funcionamento do conjunto de suspensões composto por molas e amortecedores.
No que concerne à operacionalidade, a nova caixa foi dotada com uma generosa porta de cada lado. Todo o equipamento no interior de que necessitamos foi posicionado por forma a estar acessível ao nível do solo e, ao mesmo tempo, baixar o centro de gravidade do conjunto, bem como incidir maior concentração de peso dos componentes transportados à traseira.
À traseira foram construídos berços para fixação dos pneus suplentes de forma a facilitar a sua rápida remoção. O posicionamento dos pneus, por sua vez, deu origem à forma da porta traseira. Contudo, este facto veio delimitar a redução de altura da traseira conseguida em relação à anterior caixa de carga.
Acreditando nos níveis de fiabilidade que conseguimos obter no nosso MAN, fruto do excelente trabalho de manutenção preditiva e preventiva que tem vindo a ser realizado, foi reduzida a quantidade de peças suplentes transportadas no seu interior, diminuindo também, desta forma, o peso do camião.
Continuam, contudo, a ser transportadas no seu interior algumas peças, ferramentas, pneus suplentes e as sempre necessárias pás, placas de desatascar e os macacos hidráulicos e pneumáticos.
Ao nível aerodinâmico, pretendeu-se reduzir a resistência parasita e induzida na interligação da cabine com a caixa de carga e também na mudança de geometria abrupta, fator esse que é associado ao aparecimento de vórtices (turbilhões de ar) indesejados. Tal como referido anteriormente, foi igualmente objetivo baixar a altura traseira, permitindo que todo o conjunto se torne mais fusiforme. Contudo, restrições funcionais limitaram a sua redução a apenas 150mm em relação à anterior, ficando agora com menos 350mm em relação à altura frontal. Dado aos bons resultados obtidos na forma anterior, potenciou-se a formação de uma depressão na zona posterior, reduzindo assim a esteira provocada pela deslocação de ar. Embora do ponto de vista técnico possa parecer algo muito elaborado, simplificando a linguagem corresponde a dizer que menor energia é transmitido ao ar, menor o combustível gasto ou, por outra forma, maior capacidade de progressão do camião em pista, que é o que realmente se pretende num camião de competição!